Pegar o buquê não garante nada
Além de não sermos capazes de prever o exato momento em que bateremos as botas, também não temos o poder de antever o instante no qual encontraremos aquele que, feito um terremoto surpresa, surgirá para chacoalhar o nosso coração. Ou que, na pontinha dos pés – de passinho em passinho manso -, conseguirá alcançar o nosso território mais nobre, e lá fincar a bandeira da paixão.
E mesmo que você queira – mais do que tudo! – saber se esbarrará com uma paixão na festa que rolará logo menos, saiba que não há cigana, vidente, blogueiro ou taróloga capaz de lhe dar essa resposta mágica. É claro que existe uma chance de rolar um encontro capaz de mudar, para sempre, o rumo da sua existência. Porém, pode ser que você encontre somente seres que não dispararão o seu coração. Homens que, no máximo, farão com que você boceje enquanto pensa no dogão da esquina.
A verdade é que o cidadão que mexerá com você a ponto de fazer com que coloque sal no café e açúcar na batata frita, muito provavelmente, aparecerá sem aviso prévio, sem antes dizer: “Prepare-se, meu bem, porque hoje vou surgir para pirar o seu cabeção!”.Ele provavelmente entrará sem sequer bater na porta da sua vida. Ou nem entrará.
Pode ser que você dê sorte e que ele – o cara que você desejará mais do que Nutella em dia de TPM – apareça quando você estiver de unhas recém-feitas e em um daqueles dias em que você se olha no espelho e diz: “Nossa, se eu não fosse eu, eu me comeria agora mesmo. E gostoso!”.
Pode ser, também, que o homem que derrubará o seu queixo apareça quando você estiver com uma rúcula enorme estampada no dente da frente, com bochechão de hamster por ter acabado de arrancar os sisos e vestida com aquele pijama velho que você coloca só para buscar a pizza na portaria. Pode ser, vai saber.
Saiba que um cara verdadeiramente especial pode aparecer em sua vida só daqui a três anos. Ou dez. Ou nunca, para ser bem realista. Mas pode ser, também, que ele tropece em você enquanto ainda estiver lendo este texto, distraída em meio a um mar de pedestres apressados. Who knows?
A única coisa que de fato é certa em meio a tanta imprevisibilidade e “pode ser” é: se não sair da porra do seu quarto, minha filha, você reduzirá – e muito! – as suas chances de encontrar alguém. Ou acha que um cara legal baterá na sua batcaverna portando flores, um bom filme e produtos eróticos divertidos?
Por isso, para você que está a fim encontrar alguém, só posso dar três conselhos:
Descole a bunda da cama, não vá nem à padaria mais próxima sem antes escovar os dentes e jogue fora todas as suas calcinhas furadas e frouxas. O resto não está em suas mãos, mesmo que o buquê do casamento de sábado passado tenha pousado lá.
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Escrito por Ricardo Coiro – Via CATWALK