A arquitetura individual

Na crescente em que vivemos, é possível perceber que a cada dia as nossas residências estão cada vez menores. Cada metro quadrado (literalmente) não possui mais as funções que deveria ter um lugar para se chamar de lar.

E nisso a culpa não é nossa, porque nesse mundo que vivemos temos mais tempo para as coisas que não são as reais necessidades da vida e nessa tendência começamos a desconsiderar o nosso lar, o nosso lugar de morada e o nosso lugar de construção.

A vida impõe as vezes a solidão, porque não vemos motivo para não deixar as flutuações do dia-a-dia paradas em um lugar que é somente nosso e tudo ao nosso redor se torna volátil, construindo pequenos lugares para não guardar tantas lembranças.

A arquitetura foi sofrendo junto com a modernidade e os espaços começaram a ser mudados, como as pessoas, porque não existe espaço construído sem a função principal que vem do abrigo aquele a quem ali vive. A arquitetura individual começou a criar raiz, infelizmente.

Cada dia eu vejo as construções serem concebidas nos mínimos apreciados em lei e desconsideradas como refúgio e lar, como lugar de convivência, como lugar de moradia e não somente de estadia e passagem. E não tem como. Não é possível ver a arquitetura somente com a função de se construir, porque é preciso preservar a sua condição de mantenedora também de lares, pois nela se constroem os sonhos.

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Onde estão os sonhos afinal? Se perderam?

O sonho de se construir um lar, de verdade, não somente juntando alguns tijolos, cimento e telhados. Onde está a arquitetura da risada fácil de uma família que interage, de um casal que começa a construir sua vida, de uma noite com os amigos, das diversas felicidades que podem morar entre quatro paredes?

Podemos minimizar os nossos lugares, mas não minimizar junto aos poucos metros quadrados os nossos sonhos, as nossas riquezas, as nossas felicidades.

Cabe a cada um de nós, mesmo na crescente populacional de lares enxutos, transformar cada um deles em abundantes em convivência e alegria, deixando de notar os lugares como simples arquiteturas individuais, mas como conjunto que cria felicidade para um mundo que ás vezes está muito sozinho, absorvido em si mesmo e nas coisas que aprendeu, deixando também de ser sozinho e sendo parte de uma vida que depende de cada um.

Fecho então com um célebre frase de Renzo Piano, arquiteto e urbanista, que diz: “A arquitetura além de sua sustentabilidade e inteligência, deve ser também uma fábrica de emoções.”

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