A maturidade não aconteceu em um passe de mágica…

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Eu pensei que o passe de mágica pra me tornar adulta era trocar Nescau por café. Comecei com leite e açúcar, depois tirei os dois e voilà: o momento não aconteceu. Aí achei que se eu parasse de tomar banho de mar e ficasse na areia pegando sol, eu passaria de menina a mulher.

Depois, quando eu saísse de casa e tivesse minha própria conta de luz. Achei que quando eu tivesse meu primeiro caso de amor intenso de uma noite e sem depois, seria suficiente para que o sentimento de independência, cabelos ao vento e salto alto me invadisse como um raio caindo do céu e me sentiria, enfim, adulta.

Mas nunca aconteceu. Não veio o clique, o estalo, o ploft. A maturidade não se mostrou o botão que eu imaginava na infância. Assim como aprender a lidar com o amor. Assim como saber cozinhar, assim como ter certeza sobre o que penso sobre política ou filosofia. Não aconteceu quando apaguei as velinhas, nem quando me percebi sem tempo para perceber.

Conforme o tempo foi passando, vi que não me tornava mais adulta. Mas mais consciente dos meus próprios erros. E aí entendi que maturidade não é agir diferente. É saber das suas dores e delícias e escolher todos os dias vivê-los de novo.

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E não apenas no amor. Também nas escolhas entre um xis tudo e uma salada primavera, entre a preguiça e o exercício físico, entre fazer um curso de inglês ou torrar 300 mangos num jantar bacana.

Eu sei o que é certo, mas também respeito quem sou. Meu pai sempre diz que não importa quanto ele me explique como não sofrer, existem sofrimentos dos quais ninguém vai poder me poupar: preciso viver.

Por isso eu continuo tomando banho de mar e desentendendo o amor. Sigo comendo sorvete mesmo com intolerância a lactose. Vivo sendo vítima das minhas circustâncias e crio artimanhas que sei que vão me derrubar, mas também sei que vou superar. Danço na rua sem me importar com o que os outros vão pensar e sou grata pelos que me fizeram aprender que o meu melhor pode ser muito pouco.

Assim, me mantenho um pouco criança enquanto o mundo exige de mim uma adulta que não quero ser. Isso deve ser maturidade. Ou um pouco de loucura.

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Publicado Originalmente em: Entenda os Homens

SOBRE O AUTOR

Marina Melz
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É jornalista e trabalha com assessoria de imprensa. É meio Bridget Jones e meio Woody Allen. Não tem preconceitos com músicas, filmes e qualquer coisa que seja. Acha que toda história (boa ou não) merece ser contada. – http://www.entendaoshomens.com.br/author/marinamelz/ https://marinamelz.wordpress.com/
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