Empreendedorismo feminino: Ascensão e desafios no Brasil
As mulheres estão cada vez mais presentes e se destacando no mundo dos negócios, um espaço que por muito tempo foi dominado pelos homens. Existem inúmeros casos de sucesso em diversos setores. De acordo com o IBGE, em 2022, as mulheres representavam 34% do total de empresas no Brasil, o que equivale a mais de 10,3 milhões de empreendedoras.
Os últimos dados do Sebrae apontam que mulheres empreendedoras geram 30% a mais de trabalho formal comparando 2021 com 2022. Além disso, mais da metade dessas mulheres atuam no setor de serviços. A crescente participação feminina traz benefícios tanto para o mercado quanto para a sociedade.
Contudo, apenas 45% das mulheres que iniciam suas próprias empresas conseguem prosperar, ainda segundo o Sebrae. A pesquisa aponta que as empreendedoras ainda enfrentam enormes barreiras sociais e econômicas, incluindo preconceito, falta de confiança e dificuldade em obter crédito.
Embora os dados comprovem o aumento na participação feminina nos negócios nos últimos anos e a sociedade esteja cada vez mais interessada neste debate, ainda existem obstáculos a serem superados. Estes incluem preconceitos, desigualdade de gênero, falta de incentivo, burocracia e carga tributária pesada.
As empreendedoras ainda enfrentam um outro desafio significativo que é a jornada tripla de trabalho, que envolve a conciliação de obrigações familiares e domésticas com decisões de negócios. Além disso, há a dificuldade de inserção em uma área dominada por homens.
Arine Rodrigues, é a CEO do Vida60Mais, uma plataforma que incentiva o empreendedorismo, a independência e a interação social do público sênior, conta que sua trajetória profissional se deu em setores dominados por homens, onde ocupou posições de liderança. Sobre o empreendedorismo feminino, ela ressalta: “É preciso ter coragem! Coragem para agir de forma colaborativa e atualizada. Coragem para enfrentar desafios e acolher novas perspectivas e feedbacks. É essencial usar e aprender com os dados, pois sem eles não há como gerir bem um negócio, mas é igualmente importante não perder de vista o que nos motiva e a nossa intuição, que devem prevalecer em certas situações, para seguirmos felizes com o nosso propósito”, recomenda.
Para Isabella Botelho, que é CRO e uma das fundadoras da Pin People, a transparência é o elemento essencial para uma boa empreendedora. Ela defende que, ao se comunicar de forma clara e honesta sobre os problemas e as soluções, cria-se uma cultura de trabalho mais realista e engajada. “Essa postura não só favorece uma liderança mais autêntica, mas também une a equipe, pois todos compartilham da mesma visão e reconhecem que fazem parte de um grupo formado por pessoas humanas.”diz.
Fundada em 2015, a empresa utiliza inteligência artificial para identificar a compatibilidade cultural entre candidatos e empresas, auxiliando estas últimas a recrutar melhor. Entre 2018 e 2019, a empresa expandiu seu foco para a Experiência do Colaborador (Employee Experience), aumentando seu potencial de impacto no mercado de Recursos Humanos. A RHTech conta ainda com Frederico Lacerda (CEO) e Caio Torres (CTO) como co-fundadores.
Investimento
De acordo com a investidora anjo, Elisa Carvalho, embora as mulheres ainda sejam pouco representadas em muitas profissões e áreas, é sempre inspirador ver uma mulher ocupando um cargo geralmente dominado por homens. Seja como CEO, CFO, conselheira, engenheira, piloto de avião ou motorista de táxi, há inúmeras profissões e cargos onde as mulheres ainda são minoria. Isso também é verdade no mundo do empreendedorismo.
“Quando comecei a investir em startups, fiquei surpresa ao ver como esse mundo é dominado pelos homens. No entanto, também tive a oportunidade de conhecer mulheres incríveis que estavam empreendendo e demonstrando determinação, coragem e conhecimento. Sim, temos muitas mentes brilhantes e somos capazes. Não devemos deixar a síndrome do impostor nos dominar”, diz Elisa Carvalho, investigadora anjo.
Na avaliação da empreendedora, nos últimos anos, houve o surgimento de muitos grupos de apoio às mulheres, alguns com foco mais genérico, mas muitos com ênfase em formação, apoio e mentoria para novas empreendedoras. “É maravilhoso ver esses movimentos crescendo, com mulheres apoiando outras mulheres para voar e encontrar seu lugar de destaque em suas áreas e na formação de novas empresas. A evolução da internet e das redes sociais certamente ajudou na formação desses grupos, diminuindo distâncias e facilitando a comunicação”.
Ela ressalta que o caminho a percorrer é longo, “assistir a essa onda de redes de apoio se multiplicando certamente aquece o coração e nos faz acreditar que dias melhores e mais justos estão por vir. E como meu primeiro chefe costumava dizer quando eu era estagiária: as mulheres vão dominar o mundo!”