Escutando o corpo

0
47

Share this…

“Se contrai uma neurose por ter desconhecido as leis fundamentais do corpo vivente e por ter se afastado dele; o corpo então se rebela e aparece como um monstro frente à consciência que tenta instituir, suprimir ou deslocar, segundo o seu capricho, partes importantes do funcionamento basal da natureza do organismo humano” – Carl G. Jung.

Sabe-se que um dos obstáculos da humanidade para viver em harmonia é a falta de comunicação entre as pessoas. O ritmo em que costumamos viver nas grandes cidades começa a invadir até mesmo os pequenos povoados, dificultando a comunicação fluida e direta tradicional. A inovação tecnológica tem estabelecido novas normas e formas de nos relacionarmos. Prevalece a comunicação virtual à conversa cara a cara.

Para nos comunicarmos com eficácia, precisamos aprender a escutar. O dicionário nos dá o seguinte significado do verbo escutar.

1. Prestar atençãoao que se ouve.

2. Dar ouvidos, atender a um aviso, conselho ou sugestão.

3. Aplicar o ouvido para ouvir algo.

4. Na ciência medica, a auscultação é o método de escutar os ruídos do corpo durante um exame físico.

Contudo, no início do século XXI as pessoas perderam o contato com elas mesmas(provavelmente porque ainda não se inventou um meio tecnológico para falar consigo mesmo). As preocupações da vida diária, o desempenho laboral, as exigências com o papel de pais, profissionais e filhos, deslocam a nossa atenção para o que acontece fora de nós. Existe uma grande quantidade de livros e revistas sobre o cuidado corporal, mas continuamos sem escutar o corpo até que o momento em que surge uma doença.

Os profissionais e as pessoas que assumem muitas responsabilidades ignoram habitualmente os sinais que lhes manda o corpo quando está incubando uma doença. Não prestam atenção aos sintomas. Em outras ocasiões, a pessoa vai a diferentes médicos em busca de uma cura imediata sem resultados. Vai de um especialista a outro sem causa física conhecida para o seu mal estar,até que um médico lhe indica um psicólogo.

Muitas pessoas se surpreendem frente a tal indicação. A época na qual a medicina desconhecia o componente psicológico na manifestação de sintomas vai pouco a pouco ficando para trás.

O corpo grita o que a mente cala.

A mente se comunica através de imagens e palavras. Costumamos nos lembrar de nossos sucessos como pequenos filmes que afloram emoções reprimidas. A pessoa que rejeita o que sente utiliza a racionalização para diminuir a intensidade dos seus sentimentos.

O corpo se expressa através da dor ou de sintomas sem a presença de causas físicas. Algumas pessoas levantam uma barreira que as impede de expressar os sentimentos e pensamentos, e assim somatizam o que calam. Por exemplo, os transtornos gástricos estão relacionados com a raiva, assim como as erupções de acne costumam aparecer naqueles que carecem de habilidades para se relacionar com outros. Dessa forma, o que vai mal no corpo se transporta à mente e o que vai mal na mente frequentemente se transporta também ao corpo, seja de maneira direta ou indireta.

A doença e a dor corporal são formas do corpo chamar atenção às necessidades não satisfeitas. Elas sugerem minimamente realizar uma pausa e avaliá-las. Por outro lado, quem se inibe de expressar suas emoções não realiza o contato com seu corpo e se insensibiliza. A sintomatologia forma parte da sombra.

A sombra é aquela parte que permanece oculta na nossa consciência. Os sintomas nos levam a reconhecer essa parte que não queremos ver. O desequilíbrio no qual nos encontramos se manifestará uma e outra vez, até que paremos para ouvi-lo. A farmacologia procura diminuir ou calar o sintoma, mas evadir o seu significado fará com que apareça outra anomalia. Uma doença ou dor nos obriga a reconhecer aquilo que nos falta. Integrar e assimilar o significado do sintoma nos permite harmonizar a nossa vida. Admitir o que nos falta é parte do processo de individuação. É importante reconhecer o momento que vivemos quando o corpo fala.

Para escutar a mensagem do sintoma é preciso se fazer duas perguntas: Qual é a sua origem? Qual é o seu propósito? Porque nada acontece por acaso; tudo tem um motivo. Analisar que vida tínhamos quando o sintoma se apresentou pela primeira vez permite que façamos um corte em nossa linha vital. Onde estamos atualmente em nosso processo de individuação nos leva a identificar a direção pela qual nos leva.

Frida Khalo, a famosa artista mexicana, criou as obras mais importantes da sua carreira quando o sintoma da sua doença se manifestou com maior intensidade. A sua maternidade frustrada, a sua invalidez e sua relação com Diego Rivero foram alguns dos seus marcos. Em meio ao caos, brilhou a sua criatividade. A sombra viu a luz.

O fim da doença é quando curamos aquilo que nos falta e impede o nosso livre desenvolvimento. Aproveite a oportunidade de se comunicar com a sua sombra nesses momentos de dor, ou quando outro sintoma se manifestar. É uma oportunidade de se conhecer e aprender. Escute-o, não se feche dentro de um casco como uma tartaruga.

 

___

Fonte: A mente é maravilhosa

 

Atenção: Os textos assinados e/ou publicados no InvistoEmMim não representam necessariamente a opinião editorial do Blog. Asseguramos a qualquer pessoa, empresa ou associação que se sentir atacada o direito de utilizar o mesmo espaço para sua defesa. Também ressaltamos que toda e qualquer informação ou análise contida neste blog não se constitui em solicitação ou oferta de seu autores para compra ou venda de quaisquer títulos ou ativos financeiros, para realização de operações nos mercados de valores mobiliários, ou para a aplicação em quaisquer outros instrumentos, produtos financeiros e outros. Através das informações, dos materiais técnicos e demais conteúdos existentes neste blog, os autores não estão prestando recomendações quanto à sua rentabilidade, liquidez, adequação ou risco. As informações, os materiais técnicos e demais conteúdos existentes neste blog têm propósito exclusivamente informativo, não consistindo em recomendações financeiras, legais, fiscais, contábeis ou de qualquer outra natureza.