Juros no Brasil: ata do Banco Central prevê mais um aumento em março

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O Comitê de Política Monetária (Copom) afirmou em ata divulgada nesta terça (04) a indicação de alta de 1 ponto porcentual na taxa Selic na próxima reunião em março, elevando a taxa de juros de 13,25% para 14,25% ao ano. Esse foi o último indicativo para a próxima reunião. O comitê deixou em aberto as decisões da política monetária a partir do encontro do mês de maio.

Na decisão divulgada na última quarta-feira, o Copom decidiu subir a taxa Selic em 1 ponto percentual, passando de 12,25% ao ano para 13,25%. No ranking de juros reais no mundo, o Brasil já está em segundo lugar.

Para Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos e sócio da The Hill Capital, o comunicado manteve o tom hawkish do último com uma decisão mais do que esperada pelo mercado. “Essa foi a primeira reunião do Gabriel Galípolo e essa nova configuração da diretoria. Já era uma decisão amplamente aguardada e esperada, já que na reunião de dezembro eles tinham sinalizado mais dois aumentos de 1%”, diz.

Bolzan explica que eles deixaram a Selic terminal em aberto e disseram que vai depender da dinâmica da inflação. “Ou seja, deixaram ali a porta aberta e conforme evoluir a inflação, eles vão ajustando ali a Selic. Acho que foi o cenário mais correto mesmo, na minha opinião, a ser feito”, comenta.

Nesse cenário, Ana Paula Carvalho, planejadora financeira e sócia da AVG Capital, acredita que ativos ligados ao IPCA ainda são interessantes, especialmente para prazos mais longos. “A proteção contra a inflação continua sendo um atrativo, na minha visão, principalmente quando as taxas oferecidas nos títulos do governo estão em níveis acima de 7% ao ano. Isso proporciona ao investidor não só a proteção da variação da inflação, mas também um retorno real consistente ao longo do tempo. Para quem busca mais segurança, títulos atrelados ao IPCA tendem a ser uma escolha mais coerente”, diz.

Já os ativos prefixados, nesse momento, segundo a especialista, são uma escolha mais arriscada. “A expectativa de alta da Selic e o cenário de inflação ainda elevado tornam esses ativos mais vulneráveis. Minha recomendação seria limitar a exposição a 2,5% da carteira para clientes com perfil arrojado e evitar para perfis conservadores, dada a volatilidade que esse tipo de ativo pode apresentar”, comenta.
 

Carolina Bohnert, especialista em investimentos e sócia da The Hill Capital, acredita que vale o investidor alocar em investimentos pós-fixados. “Com a tendência de elevação de juros, os ativos que mais se beneficiam neste cenário, na minha visão, são os ativos pós-fixados. Os investidores podem acessar esses ativos através do Tesouro Selic, CDB LCA , fundos de investimentos de renda fixa e outros títulos emitidos por empresas”, comenta.

Agora, se o investidor está disposto a assumir mais riscos em busca de maior retorno, o crédito privado pode ser mais adequado. “Se a segurança e a liquidez são as prioridades, penso que o Tesouro Selic é uma escolha mais prudente”, complementa Carolina.

Josias Bento, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, acredita que, para quem tem um horizonte mais longo, os ativos IPCA+ podem ser uma boa solução para quem vai investir entre 5 e 10 anos. “É importante levar o título até o vencimento, pois vai sofrer com as marcações à mercado no período”, diz. Segundo ele, o prefixado para 2027 também está bem atrativo em termos de taxa, que deve subir mais, e os IPCA+ para 2035 e 2045 são outra boa oportunidade de alocação.

Para quem quer investir na bolsa, Marcelo Bolzan, da The Hill Capital, destaca a preferência por empresas que tenham receita em dólar como Weg, JBS e Suzano, além de papeis que vão trazer bons dividendos ao longo do ano como Petrobras e Itaú. “Outras boas oportunidades estão em empresas que repassam o custo da inflação para o consumidor final como Sabesp e Eletrobras”, diz.

Já se o objetivo é investir nos EUA, Jeff Patzlaff, Planejador Financeiro CFP®, indica aos investidores considerarem ativos internacionais que ofereçam proteção contra a volatilidade e oportunidades de crescimento, como os ETFs que replicam o desempenho de mercados desenvolvidos, como o S&P 500 nos EUA ou o STOXX Europe 600 na Europa. “Além disso, setores como tecnologia, saúde e energias renováveis têm mostrado resiliência e potencial de crescimento. Investimentos em títulos de dívida de países com boa classificação de crédito também proporcionam estabilidade e retornos consistentes em moeda forte”, destaca Jeff.

Embora investimentos domésticos em renda fixa ofereçam retornos atrativos em cenários de juros altos, Jeff ressalta que a diversificação e, principalmente, a internacional continua sendo importante. “Investir no exterior permite acesso a mercados e setores não disponíveis localmente, além de mitigar riscos específicos do país. A diversificação geográfica pode proteger o portfólio contra flutuações adversas na economia brasileira, além de oferecer oportunidades de crescimento tanto em economias emergentes quanto desenvolvidas, sem falar que investimentos em moeda forte, como o dólar, rendendo 4-5% ao ano são extremamente interessantes”, comenta.

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