Mulheres

A primeira é uma mulher segura. Sabe o que vale e quem merece. Apaixonada pelos seus objetivos. Sai de casa todos os dias de rimel e batom, mesmo que não use maquilhagem. Faz amigos como quem coleciona esferográficas azuis. Liga quando precisa de alguma coisa, discute de viva voz sem se contentar com menos. É direta. Honesta, sobretudo consigo e não se contenta com nada menor que a sua medida do mundo. E o mundo é a sua casa. A aventura o seu modo de vida.

 

A outra é mais recatada. Pensa no que será o jantar todos os dias. Pensam que é por obrigação, mas fá-lo com gosto: desde de que não a obriguem a usar avental, cozinhar é um gosto. Beija os filhos que vai buscar à escola depois do trabalho. Liga aos pais que quis afastar na adolescência e agora quer mais próximos do que nunca. No dia a seguir, a rotina será a mesma e ela não se importa. Cansa-se, desespera, mas olha para a sua família, assim que o marido acaba de trazer a sopa que fez para a mesa e tudo vale a pena.

 

A terceira é a rainha do drama. Mesmo que não suba o tom de voz, grita muito interiormente consigo e com os outros. Um cabelo em desalinho pode dar-lhe cabo dos nervos o resto do dia. Amua, sabendo que não devia. Mas amua porque pode e sem saber bem porquê isso fá-la ficar aliviada. Cada vez que a colega lhe traz a pilha de papéis para tratar, sabendo que ela vai sair mais cedo, mas lhe está a trazer aquela papelada já tão tarde, chama-lhe “cabra” muito baixinho.

 

Esta outra é serena. Racional e bondosa ao mesmo tempo. Vive para o bem dos outros e isso fá-la sentir-se tranquila consigo. Queres sempre tê-la por perto quando há problemas: ela vai pegar-te na mão (mesmo que estejas a quilómetros de distância), emprestar-te um pouco da sua calma e ajudar-te a resolver seja o que for, em detrimento do seu próprio tempo. Compreende até aquilo que os dois sabem que está errado: porque o erro faz crescer e ela sabe que também o pratica muitas vezes. A cor dos seus olhos não interessa: são da cor da compreensão.

 

A quinta é envergonhada. Às vezes desejava nunca ter nascido. Para quê, para ter aquele corpo? Para estar sozinha ou mal acompanhada? Não sabe onde ir buscar gente nova, mas sente que a antiga já não lhe presta atenção. Comer chocolates e ver um reality show qualquer: aí está o programa ideal. Acha-se invisível nos momentos que precisa de alguém e só encontra solidão. E acha que têm neon na testa quando se sente mal e é vítima dos seus complexos. Precisa de saber que gostam dela todos os dias, porque mesmo que o saiba não tem bem a certeza.

 

E desengane-se quem acha que estou a falar de cinco mulheres diferentes. Esta é uma mulher só: às vezes a cada semana, a cada hora, outras vezes encontram-se no tempo e no espaço algumas destas. Outras haveria para juntar ao leque. Não somos bipolares ou indecisas. Somos complicadas (mas só em alguns momentos nos ouvirão admitir).

Somos muitas numa e isso pode funcionar para vosso favor ou desvantagem, consoante o saibam reconhecer. Não podem esperar amar uma delas apenas. Não se apaixonem por um ego seguro, esperando que nunca vá gritar convosco por não terem elogiado o tal vestido novo.
Amem-nos inteiras. E poderão esperar o mesmo em troca. 

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