É 2023 e ainda é tabu para muitas mulheres a conversa sobre a sexualidade feminina e como elas lidam com seu próprio prazer. Dados revelados na pesquisa “Prazer Feminino”, conduzida pela Hibou – empresa de pesquisa e insights de mercado e consumo – com mais de 2030 mulheres brasileiras mostram suas vontades, desejos e intimidades, destacando que ainda há muito o que conversar sobre o tema.
Dentre as entrevistadas, 64% estão em algum relacionamento, seja um casamento ou namoro e 97% já iniciou a vida sexual, que apresenta satisfação em alta para 7 em cada 10. Os motivos são o parceiro (a), seja em relação ao amor (74%) ou à performance na cama (21%); embora 10% assumam que resolvem suas questões sexuais consigo mesmas e está ótimo.
“Percebemos que a sociedade ainda tem grande poder quanto à sexualidade feminina. Muitas mulheres colocam seus parceiros à frente dos seus próprios interesses sexuais e buscam agradar ao outro. Mesmo com esse viés já observa-se um movimento onde elas estão se abrindo mais às novas experiências e se conhecendo melhor, ainda com uma preocupação sobre o que é dito por aí”, observa Ligia Mello, coordenadora da pesquisa e sócia da Hibou.
3 em cada 10 mulheres não estão satisfeitas. Rotina e mesmice consomem o desejo sexual
Da parcela das 30% que não está feliz, grande parte delas culpa a rotina diária (43%), horários e disposição (32%). Além disso, a frequência das relações sexuais e a realização de fantasias são insatisfatórias para 41% e 5% delas, respectivamente.
A frequência da prática sexual é em média semanal para 51% das mulheres, ou seja, elas transam com seus parceiros até quatro vezes em um mês. Para ¼ delas, a prática sobe para uma média de 5 a 9 vezes durante o mês.
63% das mulheres gostariam de ter uma frequência maior de relações sexuais e entre estas 51% acredita que o cotidiano consome o tempo do casal, sendo o principal motivo por estarem transando menos do que gostariam. Além disso, 24% alegam terem perdido interesse em levar uma vida sexualmente ativa e 13% afirmam que os problemas no relacionamento têm influência nas relações sexuais.
64% iniciaram a vida sexual entre 15 e 19 anos. Entre todas, 35% alegam que tiveram seu primeiro orgasmo quando estavam nessa faixa etária. E o orgasmo ainda não é fácil: 2% assumem que nunca viveram essa experiência.
A experiência com outra mulher já aconteceu para algumas delas, sendo que 20% afirmam já terem beijado uma outra mulher na boca e 9% terem feito sexo.
E o orgasmo?
42% afirmam que costumam ter dificuldade de atingir um orgasmo. E 79% já fingiram terem atingido o ápice do prazer. As justificativas para isso estão entre terminar logo o ato (53%); agradar o parceiro (30%); evitar explicações (17%); evitar constrangimentos (15%) e preferiram não responder (8%).
A masturbação é praticada entre 7 a cada 10 mulheres
71% das mulheres afirmam que se masturbam e colhem os benefícios da prática, como o autoconhecimento, alívio de stress e tensões, prevenção de infecções, entre outros pontos positivos apresentados por médicos e ginecologistas.
Embora seja uma prática saudável, dentre as 29% que não praticam, 62% não se sentem à vontade; 9% acham errado e 7% não sentem prazer.
Para aquelas 71% que já se masturbaram, atingir o orgasmo é mais fácil, tanto que 96% afirmam terem experienciado orgasmos por meio da masturbação. 57% afirmam que já usaram um vibrador ou outro acessório.
A masturbação não é uma ação para se envergonhar e é indicada medicinalmente, 42% consideram uma prática natural; 21% a analisam como um método de autoconhecimento sexual; 12% veem como um modo de atingir o prazer quando estão sem parceiros; 6% veem como uma modalidade de sexo como outra. Já 11% não pensaram a respeito e 2% a avaliam como prática pela qual se envergonham.
Sexo no primeiro encontro vale!
Embora a transa no primeiro encontro tenha sido um tabu e ainda tema de debates com viés machista, 51% das mulheres afirmaram já terem ido para a cama no primeiro encontro, ao menos, uma vez.
Deixar o mistério acontecer, não parecer uma mulher fácil ou se guardar para o parceiro já foram imposições, mas 26% confirmam que já transaram no primeiro date várias vezes; 15%, apenas uma vez; 10% fizeram e se arrependeram.
15% estão abertas à possibilidade e 30% foram categóricas em afirmar que não transariam no primeiro encontro.
Na hora do “amor”, o cuidado e o carinho estão no topo da lista
As mulheres priorizam o afeto durante a prática sexual. Carinho e preliminares (55%) e o carinho tendo maior importância que o sexo em si (47%) estão entre as prioridades. E, enquanto 36% preferem quando o parceiro “pega de jeito” ou “agarra com força”; 26% tomam a rédea da situação e, quando querem, assumem que quem agarra com força são elas mesmas.
Além disso, fora do “basicão”, 36% concordam que os sextoys – brinquedo ou acessório sexual – podem ser úteis na cama mesmo quando estão acompanhadas; 31% adoram quando ouve obscenidades e 3% afirmam que experimentar sexo com outra mulher foi uma experiência deliciosa.
E mesmo tendo a cumplicidade como terceiro elemento, o humor define o momento do sexo. Apenas 12% das mulheres afirmam que gostam de homens vorazes e ativos, ou seja, o Christian Grey aqui ficou um pouco de lado e a vida sexual não se resume aos 50 tons de Cinza.
Medos falam muito mais sobre agradar do que sobre autocuidado
Na cama, o medo de engravidar (24%), contrair doenças (23%) ou não ter um orgasmo (13%) estão atrás da insegurança de que o parceiro perca o tesão nelas (29%).
Isso se agrava quando as mulheres assumem a responsabilidade em si mesmas para atender a quesitos e serem julgadas pelos os parceiros como “ruins de cama” (17%); gordas (15%) ou feias (13%). O tabu da menstruação durante o sexo também amedronta a 4%, assim como se expressar e serem vistas como vagabundas atinge a 2%.
Os sextoys estão em alta
Incrementar a relação com um sextoy – brinquedo ou acessório sexual – faz parte da fantasia, rotina ou de descobertas na cama e já foram usados por 73% das mulheres. Independente de serem usados com ou sem companhia, os brinquedinhos sexuais são usados quando há um parceiro (34%); 8% apenas experimentam sozinhas e para 58% a companhia e os acessórios independem, pois o importante é ter prazer.
Dentre elas, 52% experimentaram um acessório por curiosidade; 41% com objetivo de ter prazer; e 30% para se conhecerem melhor. Além disso, 10% afirmam que usaram por fetiche.
A experiência com acessórios e brinquedos devem seguir a regra do conforto da relação. O TOP 5 é formado por lubrificantes (60%); géis (46%); vibradores (36%); massageadores (18%) e vendas para os olhos (15%).
Metodologia
A pesquisa “Prazer Feminino” recebeu 2036 respostas e foi conduzida pela Hibou por meio de abordagem digital, em fevereiro de 2023. 27% das entrevistadas têm de 26 a 35 anos; 25% entre 36 e 45 anos; 22%, de 46 a 55 anos; 15%, mais de 56 anos e 11% até 25 anos. 57% declararam estado civil como casadas ou em união estável; 24% solteiras; 9% divorciadas; 7% namorando e 3% viúvas. O estudo apresenta 2,17% de margem de erro a 95% de intervalo de confiança.
Sobre a Hibou
A Hibou é uma empresa especializada em pesquisa e insights de mercado, atuante há mais de 15 anos. A Hibou trabalha o tempo todo com informação e olhares inquietos sempre do ponto de vista do consumidor. A empresa produz conteúdo qualificado utilizando ferramentas proprietárias para aplicação de pesquisas e análises de profissionais com mais de 25 anos de experiência. A Hibou oferece pesquisas qualitativas, quantitativas; exploratórias; de profundidade; de campo; dublê de cliente; desk research; monitoramento de comportamento e insights; presença de marca; expansão de região; expansão de mercado para produtos e serviços; teste de produto e hábitos de consumo.