Ser famoso tem ônus e bônus. É comum que o foco recaia sobre a ambição e as conquistas de conseguir aquilo que se deseja, seja na esfera esportiva ou artística. Porém, refletir sobre o vazio existencial que o sucesso pode trazer é muitas vezes deixado de lado.
Uma forma diferente de introduzir essa discussão está em ‘Nos bastidores da fama’. Dirigido por Gina Prince-Bythewood, o filme mostra dois personagens, uma jovem cantora e um policial em início de carreira política, manipulados, respectivamente, pela mãe e pelo pai. Ambos estão em busca de sua maneira de se manifestar.
As trajetórias de ambos se cruzam quando ela, após receber um importante prêmio, tenta cometer suicídio pulando do balcão do hotel em que está hospedada. Ele a salva, mas, atrás da tentativa de dar fim à existência dela e o dever profissional dele, estão complexas relações emocionais, afetivas e profissionais.
Que cantora ela deseja ser? Uma escrava de um corpo sensual ou uma intérprete reconhecida pela voz marcante, como mostra ao cantar “Black Bird”, clássico da imortal Nina Simone? E ele? Em que tipo de político quer se transformar? Ligado às tradições mais conservadoras ou a um público mais jovem? Tudo isso é discutido num clima asfixiante de pressão por todos os lados. Talvez falte profundidade filosófica ao filme, é verdade, mas sobra sinceridade. O que é não é pouco.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo