Quando usar gelo ou calor

Existe muita confusão sobre quando usar gelo e quando usar calor para tratar lesões, o que é lamentável, pois gelo e aquecimento – crioterapia e termoterapia, respectivamente – são tratamentos que valem a pena e são baratos, com riscos mínimos. Porém muitos pacientes e atletas deixam de fazê-los devido às dúvidas.

Podemos dizer, em resumo, que o gelo é para os ferimentos, traumas, lesões agudas e o calor é para os músculos, contraturas e, eventualmente, lesões crônicas.

QUANDO USAR O CALOR:
Utilizado para lesões crônicas.
Função: fazer vasodilatação, usado principalmente para os músculos. Ele ajuda a aliviar a dor de espasmos musculares, pontos de gatilho (espasmos localizados ou nós musculares) e o estresse psicológico (que pode ser um fator importante em muitos problemas de dor).

QUANDO USAR O GELO:
Utilizado para lesões agudas e pós-provas ou exercícios.
Função: fazer vasoconstricção nos tecidos danificados ou solicitados em excesso que estão inflamados, vermelhos, quentes e inchados (sinais flogísticos). O processo inflamatório é um processo saudável, normal, natural, mas, quando ocorre em grande quantidade, pode ser incrivelmente doloroso. Crioterapia é apenas uma forma mais leve, sem drogas, de controlar a dor da inflamação e prevenir que o processo inflamatório chegue de forma exagerada.

QUANDO NÃO USAR:
O calor pode piorar a inflamação, e o gelo pode piorar os espasmos musculares. Eles têm potencial para causar algum dano leve quando usados erroneamente ou por tempo prolongado. Ambos são inúteis quando utilizados de forma contrária à sua preferência. Por exemplo, gelo, quando já se sente contraturas.

Adicionar calor em um processo inflamatório, (quando o local já está quente) pode deixá-lo pior! Exemplo: aquecer um joelho recém-ferido pode inchá-lo mais, pois a circulação será aberta e mais sangue chegará ao local, gerando mais dor devido ao volume e células inflamatórias que ali estarão em grande quantidade.

O contrário também é verdadeiro: colocar gelo nas dores musculares pode piorar a contratura. O gelo pode agravar espasmos musculares e pontos de gatilho, frequentemente presentes em dores nas costas (lombalgia e cervicalgia). Essas dores, causadas por contrações e tensões, são facilmente confundidas com inflamação. O gelo faz os músculos se contraírem ainda mais, e os pontos de gatilho doem ainda mais agudamente.

Se a região lesionada de forma aguda for um músculo (estiramento, lesão parcial ou total) ou até mesmo uma queda ou qualquer trauma direto, o gelo está indicado, mas apenas para os primeiros dias (fase inflamatória) e apenas se for realmente uma lesão muscular verdadeira. A lesão muscular quase sempre envolve a dor severa, súbita e aguda. Se o músculo está lesionado, então use gelo para reduzir a inflamação. Quando o edema e a fase quente tiverem passado, mude para aquecimento, ou até mesmo faça a transição com o contraste.

Os blocos ou cubos de gelo e as almofadas de aquecimento ou água quente não são estudados na medicina com trabalhos de grande validade cientifica. Alguns estudos mostraram que ambos têm apenas benefícios leves, e são aproximadamente equivalentes em sua eficácia. Ou seja, são fatores mecânicos que favorecem o corpo abrindo ou fechando a circulação e interferindo na parte sensitiva de forma leve.

Estas são regrinhas básicas para a população geral, mas, se as dores persistirem, procure um médico.

Ana Paula Simões é Professora Instrutora da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e Mestre em Medicina, Ortopedia e Traumatologia e Especialista em Medicina e Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia; da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé, da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte; e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte

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