Os diferentes tipos de relações
De uma maneira geral, podemos falar de quatro tipos de relações. As diferenças estão relacionadas sobretudo com a qualidade da interação, nível de preenchimento e objetivo.
O grau de consciência dos envolvidos é o aspeto principal e à medida que a expansão da consciência acontece vai-se evoluindo no tipo de relação.
O Karma
Esta é a esfera onde acontece a maioria das relações que nos trazem mais insatisfação. As pessoas são puxadas para a relação por histórias mal acabadas, sentimentos de culpa ou sentem que “devem” algo uma à outra. A interação é intensa e profunda, mas a grande desvantagem é que não dá para viver o melhor da relação sem o pior da relação.
Nesta dinâmica, há quem chame o outro de “príncipe encantado”, sem compreender que o único encantamento que existe é o de não conseguir sair da relação devido a padrões negativos de comportamento e pensamento, que os amarram à dor e ao sofrimento.
Brigas constantes, jogos de poder, manipulação, amor-ódio, mentiras ou traições são uma constante na relação. A sensação de que um é o tacho para a panela do outro existe porque as necessidades de se sentirem vitimizados ainda são fortes.
Como a relação traz ao de cima o pior de nós através dela conhecemos os nossos maiores defeitos, sombras e principais padrões a ultrapassar. O sofrimento da relação pode ser um catalisador para o nosso despertar.
Principais lições:
Desenvolver amor-próprio, auto-confiança, auto-valorização, merecimento e dignidade, superar o medo de estar sozinho, aprender a ser feliz sozinho, superar a crença de que vai ser difícil encontrar outra pessoa ou que a outra pessoa é a única pessoa que existe para nós.
O Espelho
Esta relação vai expor diferentes aspetos sobre nós em concordância ou em contraste.
Normalmente surge quando estamos preparados para trabalhar a expansão da nossa consciência e para ser mais inteiros em nós mesmos.
Os desafios e frustrações da relação estão relacionados com as nossas fraquezas e representam uma oportunidade de as iluminar e abraçar.
Ao contrário do karma, não é uma dinâmica tão tempestuosa e se existir maturidade é possível que ambos cresçam juntos e fiquem bons amigos.
Principais lições:
Aprender a dizer “não”, a aceitar o outro como é, pois é igual a aceitar-nos a nós mesmos como somos, saber quem somos através do que nos irrita, frustra e admiramos no outro, comunicar de forma mais madura, ter auto-valor independentemente do que o outro pensa de nós, descobrir experiências passadas ou crenças limitadoras que estão a co-criar a realidade atual.
O Ying/Yang
Esta é a esfera onde acontece a maioria das relações ditas normais, saudáveis, onde existe amor, compreensão, amizade, respeito e prosperidade. Não significa que é um mar de rosas, significa que juntos conseguem enfrentar as situações e superá-las. Podem chegar a ser parceiros para toda a vida, mas têm mil e uma outras possibilidades.
Dinâmicas deste tipo existem imensas, basta apenas não aceitar as relações kármicas, evoluir com os espelhos, expandir a sua consciência e amadurecer. Não há escassez de recursos, há crenças de escassez relativamente aos recursos e às infinitas possibilidades que o Universo tem para nós.
O outro existe para equilibrar a nossa energia. Todos temos Ying e Yang, mas a maioria das pessoas não têm estas polaridades equilibradas. Quando temos o nosso Ying e Yang equilibrados em nós, tornamo-nos magnéticos, cheios carisma e presença. Como só o Yang ou o Ying é insuficiente para se atrair o que se quer na nossa vida, vamos buscar o equilíbrio no outro para complementar a nossa “disfunção”. Este processo é feito inconscientemente e é por isso que existe a energia masculina e feminina, pois facilita a nossa evolução e crescimento.
Aquela frase “por trás de um homem de sucesso existe sempre uma grande mulher” representa perfeitamente esta dinâmica. O masculino e o feminino juntos formam um campo magnético muito forte, desde que haja amor na relação.
Chegar a um equilíbrio do Ying e Yang em nós implica entrar numa jornada espiritual e um grande preço a pagar – desapego do ego e personalidade. Poucos, senão raros o conseguem, mas nessa altura não necessitam de uma relação. Como o Ying e Yang estão balanceados, a natureza já não provoca grande efeito neles.
Principais lições:
Amar e ser amado, desenvolver amor incondicional, perdoar o outro, superar o medo de relacionamentos, dar sem necessidade de receber, desenvolver intimidade, ser interdependente sem se perder de si mesmo, devoção ao outro.
O Twin Flame
Duas almas sábias, completas e que juntas transformam o todo. Esta é a relação que equivocadamente muitos procuram. Digo equivocadamente porque o querem é uma relação
Ying/Yang e não uma Twin Flame.
Esta relação é muito rara. Primeiro, porque ambos têm que estar num estágio avançado de evolução e segundo se o ego ainda tiver algum poder num dos dois, quando o Universo lhe envia a sua estrela, ele vai continuar a andar à procura de cometas. Ele não vai conseguir reconhecer o outro se ainda não se reconheceu a si mesmo.
Apesar de ter recebido uma conotação muito romântica, esta relação não tem tanto o propósito de viver um amor eterno, casar ou construir família. A não ser que sirva o propósito espiritual.
Esta união tem um propósito altruísta, que não tem nada a ver com eles os dois. Ambos são convidados a trabalhar juntos em prol do amor pelo todo.
Afinal, não precisam viver tudo de novo. As Twin Flame já tiveram outras vidas juntos e já se amam sem saberem quem são.
Principais lições:
Desenvolver o altruísmo, atingir o mais alto nível de amor, passar do que é importante para “nós” para o que é importante para o “todo”, desapego do ego e personalidade.
Resumindo
Nos diferentes estágios da nossa vida, nós vamos vivendo e querendo diferentes tipos de relações. Nenhuma delas é melhor ou pior que as outras, se entendermos que todas beneficiam a nossa evolução.
O maior desafio será sair da esfera das relações kármicas. Enquanto isso não acontecer nada muda, nem no tipo de relações que atraímos nem no nosso crescimento pessoal.
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Por: Clarisse Cunha – Colunista The Secret
Curiosa, questionadora e irrequieta levanta-se todos os dias a pensar no que vai partilhar.
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